Meu avô nasceu onde o sol morre
E se afoga em fogo em pleno mar
Onde o vento armatan que vem do norte
Cospe rubras fagulhas pelo ar
Meu avô tinha o ofício de ferreiro
E que mexe na forja é Ogum
E nascendo ferreiro foi guerreiro
Meu avô não foi qualquer um
Não foi qualquer um, não foi qualquer um
Uma noite no Golfo de Benin
Galeotas, galeras, galeões
Desembarcaram mercadores,
Corsários, nautas e canhões
Vinham em busca do ouro Ashanti
Simulando interesse ter nenhum
Meu avô olhou dentro dos meus olhos
Meu avô não foi qualquer um
Não foi qualquer um, não foi qualquer um
Meu avô descobriu pros navegantes
Os dosséis do Songhai e do Mali
E lhes presenteou com sua alma
Entalhada em ébano e marfim
Revelou lindos bronzes do Ifé
E a grandeza infinita de Olorum
Meu avô conversava com Ifá
Meu avô não foi qualquer um
Não foi qualquer um, não foi qualquer um
Mas um dia esse avô foi barganhado
Por um bacamarte de metal
Três alfanjes, um chapéu rendado,
Uma duas fiadas de coral,
Mais um rolo de folhas de tabaco,
Seis retalhos e três galões de rum,
Isso e mais vinte e três lenços de linho
Meu avô não foi qualquer um
Não foi qualquer um, não foi qualquer um.
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